terça-feira, 13 de outubro de 2009

Luz, Câmera, AÇÃO!


Fernando Spencer certamente é o cineasta mais respeitado de Pernambuco. Começou a se interessar por cinema ainda criança, quando seu pai o levava para ver O Gordo e o Magro e Carlito. Na adolescência, passou a freqüentar o cinema Luan em Casa Forte, que mais tarde passou a se chamar Ellite, onde fez amizade com o zelador e conseguiu ver os filmes de graça, mas, em troca, ele tinha que limpar, varrer e espanar as cadeiras. “Eu só não queria ver os filmes de terror”, diz Fernando.

Foi cronista de cinema do Diário de Pernambuco por 40 anos (1958-1998), presidiu a Associação Brasileira de Documentaristas e ocupou o cargo de diretor da Divisão de Teatro e Cinema, da Secretaria de Educação e Cultura da Prefeitura do Recife, nos anos 70. Em 1980, assumiu a coordenação da cinemateca da Fundação Joaquim Nabuco onde trabalhou até o ano 2000, quando se aposentou.

A carreira de cineasta começou em 1969, com o filme A Busca, de sete minutos, que contava a história de três crianças em busca de um cachorro perdido. Hoje, aos 82 anos, ele é autor de 44 curtas-metragens e oito vídeos, nos formatos 16, 35 mm e super 8 (por isso, é conhecido como cineasta das três bitolas) e vencedor de diversos prêmios, como o de melhor filme no III Festival de Cinema dos Países de Língua Portuguesa (1988), com Evocações de Nelson Ferreira.

Seu trabalho mais recente é Nossos Ursos Camaradas (2009), sobre o papel do urso no imaginário pernambucano, que vai desde o personagem do carnaval até o homem que seduz mulheres casadas. Fernando Spencer abriu as portas do seu lar e falou a Perto de Casa sobre seus novos projetos, sua preferência pelo formato super 8 e sua opinião sobre a atual cena do cinema pernambucano. Confira!

Perto de Casa – Você tem planos de fazer novos filmes?
Fernando Spencer – Tenho, eu estou com dois projetos na cabeça. Um talvez vá motivar humor, graça. É sobre o despertar do sexo em meninos de 12, 14 anos. Aí, o nome do filme vai ser Adoráveis Bananeiras (rs); e o outro é Mãos de Fada, que vai ser sobre as bordadeiras de estandartes de clubes e maracatus. Penso em fazer ainda um filme sobre Maria Bonita, mas preciso levantar dados.

PC – O que o senhor acha do cinema pernambucano hoje?
FS – Acho que está bom. Tem muita gente animada, gente com talento! É muito difícil fazer um filme, principalmente do tipo que eles estão fazendo, que é o longa-metragem. Não é brincadeira, não. É difícil captar recursos e ainda tem que ter compromisso com bilheteria e distribuidor. É pesado.

PC – O senhor freqüenta cinema hoje?
FS – Freqüento e vejo filme em casa também, acho até melhor. Eu estou achando o cinema multiplex difícil... muito frio, tela muito grande, e caro! Eu passei muito tempo sem pagar cinema, devido à cobertura que eu dava para o Diário de Pernambuco.

PC – Há algum nome do cinema local que chame a atenção do senhor?
FS – Há Paulo Caldas, com quem já trabalhei (Fernando Spencer atuou no filme O bandido da Sétima Luz, dirigido por Paulo Caldas); Cláudio Assis, diretor de Baixio das Bestas e Lírio Ferreira, de Árido Movie.

PC – Por que o formato super 8 era o preferido pelo senhor?
FS – Porque o próprio diretor podia filmar. Todo mundo podia ter seu próprio material para trabalhar, não precisava contratar fotógrafo. Eu tive muita dificuldade quando comprei minha câmera porque não sabia como usar, aí fui comprando livro sobre filtro, lente e fui melhorando. O super 8 era uma escola de cinema, um aprendizado, principalmente quando você queria fazer filme de curta-metragem.

Nízia Cerqueira

Um comentário:

  1. Fiquei emocionado em ler e saber que a Revista esteve com ele, historia viva do Cinema BRASILEIRO. Bom saber sobre Fernando Spencer.

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