terça-feira, 21 de julho de 2009

Tratamento da Osteoporose - Presente e Futuro

A decisão de tratar a osteoporose deve ser baseada na combinação da DMO (Densidade Mineral Óssea) com os fatores de risco para fraturas, do que apenas em um deles isoladamente. Metodologias para estimar o risco de fraturas em 10 anos estão sendo desenvolvidas, baseadas na DMO e nos fatores de risco validados. A decisão de tratar, também, está fundamentada na terapia disponível, preferência do paciente, co-morbidades e custo-efetividade.

Em primeiro lugar, uma avaliação para determinar o risco de fraturas é necessária. A DMO é forte preditora de risco de fratura, com um aumento no risco relativo de 1,5 a 2 vezes para cada diminuição de 1 desvio padrão. Entretanto, apenas a mensuração da DMO não é suficiente para identificar todas as pacientes com alto risco de fratura. Recentes estudos têm demonstrado que muitas pacientes com fraturas têm uma DMO acima dos critérios da OMS (Organização Mundial de Saúde) para osteoporose, ou seja, têm score T > -2,5. Então, a DMO é altamente específica para risco de fratura, mas apresenta baixa sensibilidade. Esta sensibilidade, ou gradiente de risco, pode ser melhorado com a análise conjunta dos fatores de risco clínicos para fraturas que são independentes da DMO. O uso destes fatores é, especialmente, útil em regiões onde a mensuração da DMO não está disponível.

A OMS, após análise de muitos estudos em vários locais (Europa, América do Norte, Ásia e Austrália), validou vários fatores de risco para fraturas que devem ser avaliados na decisão de tratamento. São eles: DMO no colo do fêmur, idade, fratura prévia não-traumática, uso de glicocorticóide, história familiar de fratura fêmur, tabagismo, ingestão excessiva de álcool e osteoporose secundária. Nos locais onde não é possível a avaliação da DMO, um IMC (Índice de Massa Corpórea) baixo seria um preditor da DMO. Destes fatores de risco validados pela OMS, muitos autores consideram a idade e fratura prévia não-traumática, os mais importantes. Isto porque para algum valor de escore T a probabilidade de fratura aumenta com o aumento da idade. Uma mulher de 50 anos com escore T de -2,5 no colo do fêmur tem um risco de fratura de fêmur de 2,5% em 10 anos, enquanto que uma de 80 anos com o mesmo escore T tem uma probabilidade 12,5%. Em relação, a fratura prévia não-traumática, estudos observacionais têm mostrado que uma fratura vertebral aumenta muito o risco de fratura subseqüente, com um aumento de risco em torno de 5 vezes no primeiro ano que sucede a fratura vertebral aguda. Em relação à redução do risco de fraturas, pacientes com alto risco de fraturas se beneficiam mais do tratamento do que aquelas de baixo risco. O escore de risco absoluto FRAX já está disponível para uso clínico, e em alguns países tem permitido a divisão entre baixo risco, médio risco e alto risco. Isto facilita muito a seleção adequada de quem realmente deve ser tratado com medicamentos, pois calcula o risco de se ter uma fratura osteoporotica (aquela que ocorre espontaneamente ou com quedas da própria altura, excetuando-se dedos e face) em percentual. Por exemplo: uma mulher, aos 60 anos de idade, com mais de 20% de chance de ter uma fratura em 10 anos deve receber medicamentos além de cálcio e vitamina D.

Existem várias medicações que podem ser utilizadas na prevenção e no tratamento da osteoporose. Podemos divi­dí-las em drogas inibidoras da reabsorção (anti-reabsor­tivas) e estimuladoras da formação óssea (anabólicos).

Drogas anti-reabsortivas:

- Cálcio/vitamina D.
- Calcitriol.
- Bisfosfonatos.
- Estrogênios.
-Moduladores seletivos dos receptores de estrogênio (SERM).
- Tibolona.
- Fitoestrogênios.
- Calcitonina.
- Denosumabe -AMG162.
-Inibidor da catepsina K (odanacatib).

Drogas estimuladoras da formação óssea (anabólicos):

- PTH.
- Ranelato de Estrôncio.
- Hormônio do crescimento.
- Futuros anabólicos.

Francisco Bandeira, MD, PhD, FACE
Fellow do American College of Endocrinology • Professor Adjunto-Doutor de Endocrinologia e Epidemiologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco • Chefe da Divisão de Endocrinologia e Diabetes do Hospital Agamenon Magalhães SUS/UPE.• Representante do Brasil no Advisory Medical Panel da Paget Foundation, USA

0 comentários:

Postar um comentário

Deixe aqui sua sugestão e/ou comentário, a PERTO DE CASA agradece.